terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sobre a Histerossalpingografia - Tentando não ser melodramática *



Na noite antes de realizar a histerossalpingografia deitei-me irritada. Nessa noite dormimos em casa de familiares e tinha-me esquecido de levar o comprimido para as dores. Já estava tudo a dormir e nós éramos os primeiros a sair de manhã logo, não dava para pedir um comprimido. O plano era acordar bem cedo e passar na farmácia antes, acabou por não ser necessário pois de manha vi na nossa casa de banho um cestinho com medicamentos e eu surrupiei lá um. 

Fui tranquila para o hospital. O médico tinha dito que doía um bocadinho mas nada de extraordinário, a minha cunhada também já tinha feito e nunca falou horrores daquilo, eu não sou propriamente uma pessoa mariquinhas e então lá fui à minha vida.

Fui chamada juntamente com outra senhora e, mal passei a primeira porta, percebi que talvez não fosse assim tão tranquilo. 
A senhora que nos chamou perguntou se estávamos calmas, se tinha-mos tomado o comprimido para as dores e o pequeno almoço. Veio depois ter connosco outra senhora que até hoje não sei bem o que era mas que julgo ser enfermeira. Levou-nos para outra sala e mais uma vez fez todas aquelas perguntas, disse para estarmos tranquilas que ia correr tudo bem.

Sabem quando vos dizem tantas vezes "tem calma que vai correr tudo bem, não vai doer nada, é só um instantinho" e aí vocês perdem precisamente a calma??? Foi mais ou menos isto...

Entrei para um cubículo, tirei a roupa, pus a bata, esperei a minha vez, troquei algumas mensagens com o meu homem que divagava sobre o quão sexy eu estaria naquela bata e pronto, lá chegou a minha vez.

Instalei-me naquela cadeira maravilhosa  e teve inicio o mais tortuoso exame que já alguma vez fiz!

Uma nota, quando fui fazer a histerossalpingografia ia plenamente convencida que estava tudo bem comigo. Sabíamos do problema do meu marido e estes exames eram só de despiste para dar então início ao tratamento.

O exame foi tremendamente difícil, até a introdução do espéculo me doeu. A médica dizia para eu relaxar, para me concentrar numa conversa parva sobre candidíases que elas estavam a ter. Não deu senhores não deu...
Senti uma dor aguda, de imediato fiquei enjoada e deixei de ver o que se passava à minha volta. A tal senhora que julgo ser enfermeira foi um doce, não me largou a mão, abanou-me com um papel e mesmo com todo o aparato que estava a acontecer não me largou um minuto.
Só ouvia ao longe a médica a dizer que precisa de mais, depois que já tinha introduzido 3 e que já não ia por mais nenhum. 

Acabou a tortura, não me deixaram levantar logo, fiquei ali uns bons minutos de olhos fechados a hiperventilar sempre de mão dada àquela doce senhora! 
A enfermeira ainda perguntou à medica se ia repetir ao que ela respondeu que não, que não valia a pena. Aí eu já sabia que alguma coisa não estava bem. 

Levantei-me com ajuda da enfermeira, levou-me à casa de banho, deu-me uma data de compressas pata que eu me pudesse limpar e quando eu saí da casa de banho lá estava ela novamente para me dar a mão. 

Na casa de banho tive o meu primeiro choque, mal lá entrei chorei. Aquelas lágrimas que não queremos deixar sair mas que em menos de nada aparecem. Limpei o rosto e saí, não sou muito de chorar em público... O que me disseram depois já mal ouvi, sei que me disse que as notícias não eram boas, que as trompas estavam totalmente obstruídas, e que sem trompas não há bebés. Tal e qual. Sei agora, que foi só uma má escolha de palavras mas na hora foi muito duro de ouvir.

Só queria sair dali! A enfermeira levou-me novamente ao cubículo para que me pudesse vestir e sair, desejou toda a sorte do mundo e disse que estava ali para o que fosse preciso, perguntou ainda se eu estava sozinha ou se tinha alguém comigo.
Deus abençoe esta senhora cujo nome desconheço e cuja função não sei bem. Fez tanta diferença naquele momento a sua presença e as suas doces palavras. 
Muito Obrigada!!

Saí dali, fui ter com o meu marido à sala de espera que me brindou com um sorriso mal me viu e eu desfiz-me ali!
Chorei tanto, pedi que me tirasse dali e ele só perguntava o que se passava...

Só no carro, já depois de muito chorar, consegui explicar o que tinha acontecido. Não sei quanto tempo ali estivemos, abraçados, comigo a dizer os maiores disparates e com ele a dizer que me amava e que ia correr tudo bem.

Era muito para assimilar...

O resto do dia foi passado em piloto automático, almoçamos, fomos trabalhar, mas a cabeça ficou lá, naquele hospital e naquele exame...

*espero ter conseguido



3 comentários:

  1. Felizmente quando fiz a histero não senti mais que uma espécie de dor menstrual. Nem sequer houve recomendação prévia de tomar o que quer que fosse.

    Julgo que, apesar de teres sofrido demasiado durante o exame, aquilo que te deve custado mais foram aquelas palavrinhas no final, ditas sem consciência nenhuma.

    Senti que o chão caiu no dia do beta quando ainda estava a deixar entrar no cérebro que o resultado era positivo. O que ouvi da inviabilidade da gravidez seria compreensível e expectável se fosse feita por parte da equipa médica, mas não, foi a enfermeira. Bateu na tecla variadas vezes, depois quando me alertou para os cuidados a ter na manipulação de alimentos fiquei com a sensação que não ia poder fazer quase nada, pouco faltou também para dizer que devia dar a minha gata para adoção.

    Quando estamos embrenhadas em algo tão delicado, temos tendência para valorizar demasiado o que nos dizem.

    Depois da histerossalpingografia e de respirares um pouco de ar fresco conseguiste perceber certamente que a obstrução das trompas não impede a ocorrência uma gravidez.

    Vais chegar à meta, vais ver.

    Um beijinho

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    1. Pelo que percebi depois, tive muitas dores devido à obstrução. Quando não se tem obstrução a dor é mais leve.
      Cada palavrinha que nos dizem fiquem a ressoar na nossa cabeça durante dias... Quando li o teu episódio com a enfermeira nem queria acreditar no que estava a ler. Mas ainda vais lá esfregar o teu positivo na cara da senhora hehehehe boa sorte querida estou deste lado mesmo mesmo a torcer por ti :)

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  2. Olá foiassimquefoi!
    Quando fiz a histerossalpingografia não tive muita dor, estava à espera de muito pior, tendo em conta que o meu médico tinha dito que tinha as trompas 'destruídas'. Mas elas, apesar disso, estão lá e sem obstrução. Talvez por isso não tenha tido muita dor!
    É sempre difícil receber notícias não muito boas, sem estarmos a contar! Mas pensamento positivo, este caminho dos tratamentos não é fácil, mas vamos conseguir! :) Um passo de cada vez, um dia de cada vez...
    Um beijinho

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