quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

A punção

 Dia 14 de Fevereiro tínhamos punção marcada para as 8h da manhã. Nem queiram saber a logística para conseguir estar no porto às 8h da manhã uma vez que a escolinha da nossa filhota só abre precisamente às 8h, a família não sabe que estamos a fazer tratamentos e temos que sair de casa pelas 6h e pouco da manhã... Mas enfim, tudo se conseguiu e às 7.45h já lá estávamos, eu com 8h de jejum para sólidos e líquidos e o marido preparado para dar o seu contributo :) . Fomos logo os primeiros a ser chamados, deram algumas indicações, pediram ao marido para que depois de recolher o esperma me viesse buscar perto das 10h da manhã, deram-me um batinha mandaram despir tudo e ficar deitadinha numa maca à espera. 

Em poucos minutos apareceu a enfermeira Irene, a única de quem sei o nome pois nem a anestesista nem a obstetra se apresentaram (médicos não façam isto, estamos tão vulneráveis naquele momento que todos os cuidados são poucos), colocou o cateter fez um bocadinho de conversa para desanuviar e ali ficamos à espera que as embriologistas dessem o ok para começar. Assim que deram o ok foi só esvaziar a bexiga, deitar na marquesa ginecológica e literalmente em segundos apaguei... é muito estranha esta sensação de estar a apagar mas é tão rápida que quase nem dá para processar.

Acordei novamente já na minha maca eram 9.18h. A enfermeira veio saber se eu estava bem e disse-me para dormir mais um bocadinho, para aproveitar aquele sono bom. Não sei como consegui passar para a maca mas pelos vistos o nosso corpo responde a ordens mesmo sob o efeito daquela medicação.

Uns minutos se passaram e a obstetra veio ter comigo, perguntou se me sentia bem, disse que tinha corrido tudo bem e que tinham colhido 4 óvulos ... Ainda meia anestesiada levei um baque... Como 4??? Ela disse sim, efetivamente tirei muita coisa mas todos desprovidos de conteúdo. Fiquei arrasada... Não reagi mais... Fiquei ali num limbo meia paralisada entregue aos meus pensamentos e à minha frustração. 

Vieram ajudar-me a levantar, deram-me umas bolachas e um chá e a enfermeira veio falar comigo para marcar a transferência. Percebendo o meu desânimo ela disse, não fique assim, basta um para correr bem.

Claro que o que ela diz é verdade mas sabemos que não temos as probabilidades do nosso lado.

 Amanhã é o dia marcado para a transferência e hoje estou aqui mal disposta de tão nervosa com medo que me liguem a desmarcar tudo por nenhum ter evoluído... Se não me ligarem hoje, amanhã às 8h da manhã lá estarei para saber o que nos espera. E mais uma vez vou sozinha. Desta vez perguntei se podia ir sozinha e disseram-me que sim. Amanhã é o carnaval na escolinha e não me parece justo deixar a menina sozinha na festinha da escola e o pai e a mãe irem em busca de um irmão que ainda nem existe. Pode parecer meio louco mas a minha, ou melhor a nossa, total prioridade é só ela. 

Hoje só desejo que um milagre se tenha dado naquele laboratório e que amanha ainda estejam os 4 à nossa espera. 

 

1 comentário:

  1. Espero que tenha corrido tudo bem e já tenhas um lindo embrião a lutar dentro de ti 🙂 a logística de uma FIV com um filho é muito mais complicado, a vantagem é que não somos e estamos muito mais fortes que antes… na tec do meu filho fui 2x sozinha a Lisboa para as monitorizações. Nós primeiros tratamentos nunca teria essa coragem… mas eu compreendo, a prioridade é sempre a benção que temos cá fora 😊 nos tratamentos nós conseguimos não contar a ninguém, mas na 2.a gravidez tive que contar muito cedo à minha mãe pois precisei desde logo da ajuda dela… o meu marido tem a tal agenda caótica do teu 🫣

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