segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A transferência

 No dia 16 de Fevereiro lá saí um bem cedinho para a bendita transferência. Como não me ligaram no dia anterior sabia que pelo menos um tinha sobrevivido e que seria transferido.

A viagem até ao Porto foi um suplício... Sempre que estou muito nervosa tenho cólicas terríveis e fico até com diarreia. Cheguei lá a passar muito muito mal, tinha dores de barriga absurdas e uma vontade de vomitar tremenda. Não queria ir à casa de banho pois tinha que ter a bexiga cheia mas infelizmente não aguentei... Depois disso, no espaço de meia hora, tive que beber o maior número de mL de água que me foi possível.

Fui a primeira a ser chamada. Na sala de espera todos olhavam para mim de forma estranha pois estava tudo aos pares menos eu.

Entrei, vesti a bata e já lá tinha a equipa toda à espera. Foi agradável voltar a ver a enfermeira Irene que estava no dia da punção e a médica ter sido a que me fez a última monitorização, a Dra. Augusta, um amor. 

Apareceu uma senhora muito bem disposta que creio ser da parte da embriologia que me veio fazer então o ponto da situação. Os 4 tinham fecundado, 1 não tinha evoluído, 1 tinha desfragmentado, 1 era óptimo e o outro era mais ou menos mas iam transferir na mesma. 

O processo de transferência em si é muito simples e rápido. Conseguimos acompanhar pelo monitor e elas vão explicando à medida que vão fazendo. Veem-se dois pontinhos brilhantes e pronto já está. 

Depois é esperar uns minutinhos deitada e seguir vida.

Vim com indicação para estar de baixa até terça feira e não fazer esforços em casa. Sei que esta indicação de baixa é muito relativa, eu tinha decidido até nem fazer mas a médica foi taxativa e nestas coisas sigo sempre a recomendação de quem me acompanha.

A única coisa que não consegui foi a vida calma :) 

Logo após a consulta vim literalmente a correr para chegar a tempo do desfile de carnaval. 

O meu marido quando me viu ao longe a correr fulminou-me com os olhos. Mas confesso que na hora nem pensei, queria muito estar presente no desfile e a alegria da miúda quando nos viu aos dois na plateia compensou a correria.

Depois disso foi aguardar e tentar andar distraída. Sem dúvida a parte mais difícil... Os 2/3 primeiros dias foram tranquilos, na maior parte do tempo nem me lembrava que tinha feito a transferência. O problema foi depois... Os dias foram passando e a ansiedade começou a crescer... Parece que vivemos em função do assunto, só lemos sobre o assunto, procuramos relatos de casos parecidos aos nossos, vibramos com os positivos das outras e quase choramos com os negativos de outras tantas.

Sintomas não tenho absolutamente nenhum. Nos primeiros dias andava inchada, com uma sensibilidade mamária absurda mas isso tudo já desapareceu. Creio que fosse efeito da medicação.

Na sexta e sábado tive ligeiras perdas de sangue. Sei que pode ser da nidação mas a nossa cabeça começa logo a temer o pior. O dia para vir a menstruação era sábado, estando a fazer progesterona é natural que não venha mas sei que há casos de mulheres que menstruam na mesma. Sábado vivi em sobressalto mas felizmente ela não apareceu.

Hoje é o d10. Amanha faço beta. Vai ser uma espera sofrida. Tenho análises às 8h da manha e a consulta é as 11.30h. Resta-me aguardar com esperança.


1 comentário:

  1. Oxalá tenha corrido tudo pelo melhor. A minha filha foi o 11.º embrião (de várias ICSI que fizémos). Quando fiz a transferência da minha filha. fi-lo já sem esperança e a mentalizar-me para a doação de ovócitos. Por isso, a morfologia dos embriões tem muito o que se lhe diga: podem ser lindos por fora mas por dentro sem qualquer substância e os menos bonitos podem afinal ser "os tais" :) Boa sorte!

    ResponderEliminar